terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Vale a pena ser ignorante

Conversando com um Preto Velho, que sempre me brinda com sua sabedoria em transformar as situações mais simples em sublimes temas de mais agradáveis palestras sobre a vida.
Ouvi uma frase que, apesar de parecer contraditória no primeiro momento, começou a fazer sentido, depois da sábia explanação do bondoso Pai Velho. A frase foi a seguinte:
"Agradeço a Deus por eu saber bem pouquinho, filho. Por que a ignorância é uma dádiva."
E o velho sábio seguiu sua conversa, daquele jeitinho bem simplório e manso, e eu o contestando em pensamentos. Até que ele parou de falar, olhou-me nos olhos, pitou seu cachimbo, me olhou de novo, como se estivesse me dando um tempo para reequilibrar mentalmente. E soltando a fumaça de seu cachimbo, junto com um sorriso sereno, que é a sua marca, me explicou:
"Filho, eu sei que o senhor leu Kardec, e o aceita como o decodificador da espiritualidade. Então pensa comigo. Segundo Kardec, Deus nos criou simples e ignorantes. Certo? E desde então estamos tentando voltar ao Criador. Certo? Então, para podermos nos aproximar novamente do Pai, não precisamos ser humildades, caridosos religiosos, devotos ou qualquer outra coisa que as pessoas falam por aí. Só precisamos fazer o possível para nos tornar simples e ignorantes."
Depois dessa frase, o controverso Pai Chico segurando sua bengala, que mais parece um cajado, levantou-se e seguiu em direção à porta, virou-se pra mim e ao se despedir falou:
"Que Nossa Senhora te abençoe e Nosso Senhor te ilumine! E que consigas entender que nada precisa saber para ser feliz."

Que Pai Oxalá vos abençoe e me perdoe.

Rafael Hernandes

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