sábado, 25 de agosto de 2012

Aprendendo a simplicidade


Em cada oportunidade que se apresenta, eu fico mais admirado com a simplicidade com que nossos amigos elevados conduzem as situações que surgem pelo caminho.
Aprendo, ou melhor, aprendemos com eles que as soluções sempre são simples, nós que temos a tendência de complicar.
Creio que quanto mais complexo for o ritual, mais valorizamos o resultado, quando falo em ritual, não me refiro apenas a rituais religiosos, mas também, e principalmente, a nossas atitudes, esquecemos que a distância mais curta entre dois pontos é uma linha reta e simples.
Quando paramos de procurar chifres em cabeça de cavalo, e de tentar inventar um caminho menor entre dois pontos, e simplesmente deixamos que a singularidade da simplicidade torna-se natural, conseguimos perceber que um gole de água, uma vela acesa, ou até mesmo um quadro na parede pode fazer a diferença. Mas sem a orientação de nossos Guias, procuramos na complexidade a essência, e é bem provavel que não a encontratremos.
Devemos continar a tentar aprender com os que mais sabem, pois o sábio é simples, já o ignorante é complicado.
Que as bençãos de Pai Oxalá regue nosso corações.

Rafael d'Ogum

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ao fechar os olhos


Chega o fim da missão pré-definida na encarnação, então se fecha os olhos da vida material, acordando para o mundo espiritual, na realidade se retorna para a patría espiritual.
A grande dúvida é: O que vamos encontrar no outro lado?
Essa é a pergunta mais frequênte e a resposta é uma incógnita, cada um tem a sua explicação.
Nós espiritualistas não cremos em paraíso ou inferno. Nós temos a convicção de que ao deixarmos nossas materias, encontraremos nada muito diferente do que temos aqui, a luta e o trabalho continuam, apenas com uma materia diferente.
Encontraremos as respostas das nossas atitudes e pensamentos, reencontraremos aqueles que se afinizam vibratóriamente conosco.
Ao fecharmos os olhos da matéria, não somos afastados em definitivo dessa realidade, alias, a realidade não muda, o que se modifica é o modo de encara-la.
Nós espiritualistas, espiritas e umbandistas não temos informações privilegiadas, apenas cremos, desprendidos de preconceitos, nos relatos realizados por quem já fechou os olhos da matéria.
O que nos resta é, enquanto não fechamos os olhos materiais,  trabalhar e estudar para que nossa realidade seja cada vez  mais adequada para que possamos nos afinizar com o alto.

Saravá.

Rafael d'Ogum

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Umbanda em minha vida

Bom, vou começar relatando que eu posso dizer que mudei muito, mudei meu modo de pensar, agir, viver a vida de um modo geral, aprendi a ter fé a acreditar que um pensamento pode mover montanhas, já tive provas inúmeras que a UMBANDA é verdadeira (não que precise disto pra acreditar), vou resumir minha entrada na amada UMBANDA. Minha vida era sem graça vivia para minhas filhas e para meu serviço eu nunca pensava em mim, ai o Rafael me apresentou a Umbanda no começo não acreditei muito achava que tudo era a mesma coisa, nunca gostei das matanças que a nação faz, não sabia a diferença entre a Umbanda e a nação, bom foi ate engraçado a primeira vez que vi o Sr Caveira quase enfartei , ai marcamos uma consulta e com quem, com Exu Rei quase enfartei de novo, nossa o Exu Rei, mas foi a melhor conversa que tive. Ai comecei a participar sempre, mas sempre mesmo ate porque o Rafael é meu marido, e comecei a me interessar muito , por tudo, ai fui conhecendo Sr Ogum, Pai Francisco, Pedrinho etc... Cada dia me apaixonando mais, bom depois de um tempo já freqüentando e amando a UMBANDA minha Cunhada Mariane veio conhecer a Tenda e começou a freqüentar, as entidades dela vieram no mundo pela primeira vez na nossa Tenda muita emoção Dna Iansã, Dna Mulambo, Joaninha, Sr Sete, ai vem o melhor, um certo dia estávamos reunidos na Tenda e para minha surpresa minha Cunhada recebeu um Cosme que disse ser minha filha Nicoly que desencarnou em 2006, fiquei desconfiada mas ai ela percebendo, me relatou coisas que só eu sabia ou melhor passei com ela quando estivemos juntas no hospital por 52 longos dias, bom ai foi muito emocionante, a não posso esquecer de mencionar meu cunhado Lucas que participa desde o começo da Tenda, bom ai eu e o Lucas tomamos a decisão que queríamos entrar na corrente mediúnica da Tenda , foi muito aprendizado muita doutrina com as entidades , muita coisa mesmo , não foi fácil mas quando menos esperávamos nossas entidades estavam aqui prontas pra trabalhar, fazer Caridade , as pessoas quando vem a nossa Tenda ficam surpresas, algumas não acreditam outras amam, só tenho a dizer que sou uma outra pessoa depois que ingressei na Umbanda, sei que tenho muito que aprender, mas digo com muito orgulho SOU UMBANDISTA e nossa TENDA DE APOIO ESPIRITUAL PAI OGUM esta de portas abertas para ajudar todos.

Sarava.

Carla.

domingo, 19 de agosto de 2012

As 7 Linhas de Força


Nós temos as 7 linhas que são emanações de Deus, como se fossem 7 braços, as 7 forças primarias, o somatório dessas 7 ramificações temos como resultado o todo.
Esse é o princípio básico das sete linhas, cada uma representa uma força primaria e raliza uma função. E como os nomes para nós é importante, elas foram "batizadas" com o nome dos Orixas representandes daquela força. Por exemplo, a Linha de Iemanja, do elemento água, creio que quem batizou ou nomeou as linhas não foi Deus, mas sim nós, pois esse é o único motivo de exitir tantas diferenças entre as linhas cultuadas.
Os Orixas estão lá, as 7 linhas também, o resto é conosco, o nosso livre-arbítrio nos permite elencar da melhor forma seus nomes.

Rafael d'Ogum

domingo, 12 de agosto de 2012

Cuidado com os pensamentos


Eu sempre falo, que devemos cuidar dos nossos pensamentos, sei que as vezes chego a ser chato, mas no livro ARUANDA, de Robson Pinheiro, encontramos o seguinde texto, é a explicação de Pai João.

"Ao fim da reunião, Pai João nos chamou para conversar: Temos de entender, meus filhos, que a técnica auxilia, mas não devemos nos esquecer do conteúdo de amor. Podemos notar o êxito da atividade porque, nos casos observados, as entidades das sombras foram impedidas de continuar sua ação no mal. Temos de modificar urgentemente nosso conceito de caridade. Muita gente por aí pensa que é caridade tratar o obsessor ou entidade equivocada da mesma forma como se trata alguém já definido em relação ao bem. Deixam que o espírito retorne quando bem entender, e, assim, ele permanece fazendo o que quer, em nome do livre-arbítrio. Será isso caridade? Ao perguntar ao Espírito Verdade por que o mal predomina na Terra, Allan Kardec obteve a resposta enfática: ”Porque os bons são tímidos”. Por isso mesmo, é hora de vencer a timidez espiritual e sermos mais arrojados na execução do bem. Tolher a ação do mal é algo imperioso, a fim de impedir que o desequilíbrio avance.
Tambem devemos observar a ação do pensamento sobre os fluidos e o poder do magnetismo. Sem a educação do pensamento, é impossível trabalhar nas correntes magnéticas em benefício da humanidade - e isso não se consegue apenas em breves instantes de uma reunião mediúnica. O trabalhador do bem que se posiciona como médium deve entender que, quanto mais persistente for o pensamento gerado, tanto mais forte será sua ação no corpo físico e em outras dimensões. A disciplina mental, meus filhos, é obtida no dia-a-dia, nas lutas vivificadoras do cotidiano. Em meio aos  entrechoques da vida social e familiar está o grande desafio; nessas ocasiões, é necessário esforço para se conquistar a disciplina de manter-se conectado às forças soberanas da vida. As formas-pensamento que o ser emite no estado de vigília, de maneira contínua, influenciam-no durante o sono e nos trabalhos mediúnicos. Projetado na dimensão extrafísica, tanto durante o período de repouso do corpo quanto durante os trabalhos espirituais, as criações mentais gravitam em torno do espírito.
Dinamizadas pelo exercício do pensar, as imagens se fortalecem e, mesmo em estado de repouso do corpo, durante o sono ou em transe mediúnico, continuam a exercer sua ação. Portanto, o médium deve ficar atento às fontes geradoras de seu pensamento."

Pensemos bem, caro irmãos.

PAz e Luz.

Rafael d'Ogum

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Quando não consigo ir à Tenda

As vezes esta tudo certo para a pessoa ir na Tenda, receber uma consulta, ou ir em uma Sessão Caritativa, mas na última hora, alguma coisa da errada e essa pessoa não consegue ir. Como é comum ouvir relatos sobre isso, mas a resposta normalmente esta na própria espiritualidade. Podem ser vários os motivos para isso acontecer.
Pode ser a incompatibilidade vibracional da Tenda com a pessoa ou vice-versa.
Todo Templo Religioso tem uma proteção espiritual que é realizada pelos Exus, e é realizado uma "triagem" antes das portas dos Templos, as vezes no próprio caminho. Algo desvia a atenção e a vontade, não que aquela pessoa não vai de adaptar à Casa ou que não possa ir, mas quem sabe ainda não esta na hora ou aquela noite o trabalho será realizado em uma vibração que a pessoa não se sentirá a vontade.
Também pode ser que a pessoa esteja muito mau acompanhada espiritualmente, e a baixa espiritualidade não permite que essa pessoa procure ajuda. Nesses casos, tudo interfere mesmo, doenças repentinas, 2, 3 ou até 4 pneus furados, parentes que chegam em visitas sem avisar, na hora de sair, e ai se vai.
Falta de interesse pessoal, também é um motivo bastante comum. As pessoas tem a mania de empurrar tudo com a barriga, tem gente te coloca qualquer coisa na frente da espiritualidade, e aquela vontade toda de ir se descarregar passa, quando vê uma chamada na televisão de um filme, que não se pode perder. "A Sessão tem todas as semanas, agora aquele filme, vai passar hoje!".
Mas tirando esse último caso, todos os outros são absolutamente normais e "trabalháveis". Pois quando a pessoa percebe que esta realmente precisando de ajuda e faz algum tipo de contato com alguem que pode ajudar, como o Cacique da Tenda por exemplo, mesmo não estando presente por um motivo ou outro, a ajuda já esta sendo providenciada, claro que nada substitui uma conversa olho-no-olho, com um Guia, mas quando se pede pela ajuda da espiritualidade, essa ajuda já esta a caminho. Nem que seja para facilitar as coisas para que na próxima oportunidade essa pessoa realize o encontro certo no Templo e se encontre.
Tudo é questão de persistência, força e fé.
Agora, quem prefere ver o capitulo da novela ou o jogo que vai passar na TV, bom, nesses casos, o livre-arbítrio já é a resposta.

Paz, Luz e Orações.

Rafael d'Ogum

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

É se doando e não pagando que se recebe


Me assusta a quantidade de gente que procura resolver seus problemas pela maneira mais fácil possível, sem ter que se envolver ou mudar seu modo de ver e fazer as coisas.
Nós na Umbanda, entendemos que é dando que se recebe, isso quer dizer, que se eu quero alcançar algum objetivo, tenho que me doar um pouco, nada na vida vem de mãos beijadas ou sem o merecimento. É aquela história que eu sempre repito, a vida é um plantio, se eu não plantar, jamais vou colher. Essa é a grande sacada da vida, merecer para ter.
Agora tem gente que acredita que é pagando que se recebe, apela para "templos religiosos", onde tudo é questão de algum trabalho que tem que ser feito, e isso não sai barato. E o pior de tudo. A maioria desses lugares, me desculpem mas vou parar de chamar de "Templo Religioso", esses lugares dizem que vão fazer o bem para a pessoa contratante, fazendo o mal para alguem. Nem que esse alguem seja um animal de 2 ou 4 patas. Lastimável!
Defensores vão falar que é necessário realizar esse tipo de ritual, pois "agilizam"a eficácia do trabalho, que as entidades precisam da força vibracional do sangue, que nos rituais de corte os animais não sofrem, etc... Mas até hoje não conheci nenhum argumento que me colocasse uma alguma dúvida sobre minha visão sobre o assunto.
Espíritos, Entidades, Seres Evoluídos seguem a Deus, creio que não gostariam de ver um irmão seu sendo morto para que sua vibração seja usada para beneficiar alguem. Quem se utiliza desse tipo de vibração, são espíritos sem esclarecimentos suficiente ou que não encontraram ainda o verdadeiro significado dos ensinamentos de Jesus, o Cristo.
São sangue-sugas que utilizaram esse sangue derramado, não para realizar um trabalho positivo, mas sim para saciar suas vontades e seu apego à matéria. São viciados no sangue, como se fosse uma droga, e a vontade de consumo cresce, e cresce, e começam a procurar todos aqueles que já se aproveitaram de seu vício, para alcançar alguma coisa. E quem esta nessa lista, torna-se um alvo para que esses próprios seres desajustados atuem, prejudicando-os, pois sabem que eles vão novamente procura-los e dar mais sangue.
E nesse ciclo, quem contrata (a pessoa que quer alcançar algo), quem é contratado (a "religioso")  e quem terceiriza o serviço (a entidade). Todos se afastam do caminho do certo, do bem e do justo. O devedor uma hora vai pagar e o credor, com certeza vai querer receber.

Saravá!

Rafael d'Ogum

sábado, 4 de agosto de 2012

Detalhes da TAEPO


Em nossa Tenda, temos uma maneira bem particular de trabalhar, não somos nem melhores e nem pior, acredito eu, que ninguém, apenas somos diferentes. Não sou eu quem fala isso, são as pessoas que fazem de nossa pequena Tenda, um ponto de reequilíbrio espiritual.
Muitas casas tem, o que eu chamo de, Doutrina do Mistério. Não estou julgando e nem quero que façam diferente o que aprenderam por correto, mas na nossa Tenda não há cortinas no Congá e nem véus para serem retirados, quando o assunto é o funcionamento da casa. Quem já foi nos visitar pessoalmente, viu que o espaço físico não é dos maiores, e que as pessoas, uma por uma, são tratadas como indivíduos, e não como mais um consulente. Não existe apenas uma correntes espiritualista envolvida, mas sim um encontro de amigos, onde o respeito e o carinho são as maiores regras.
Nossa corrente mediúnica trabalha de uma forma mais leve, não há hierarquia, todos somos iguais, e não há alguem encarnado que dita as regras, as regras vem "do alto", e todos nós cumprimos. Há o Cacique, mas esse serve mesmo para orientar e não para cobrar. Não temos a prática de prender ninguém, seja médium ou consulentes, pois trabalhamos em uma casa de caridade e não em uma penitenciaria. Como o Caboclo das Sete Espadas sempre diz: "Os portões da Tenda estão sempre abertos para as pessoas entrarem, saírem e se quiserem, retornar. O livre-arbítrio é um direito de todos e sempre será respeitado."
Os rituais para os médiuns são simples, que serve para reforça-los energeticamente, pois não há nenhum tipo de ritual que traga mais resultado que o estudo correto sobre as lei da espiritualidade, com verdadeiras palestras ministradas pelos pais-velhos. Não há filhos-de-Santo, ou filhos-no-Santo; até por que não há a figura do Pai-de-Santo.
A corrente para de frente pro Congá, todos de mãos dadas, muito mais do que uma demonstração de união, mas sim por um sentimento de unidade. As entidades vão se fazendo presente e Eles conduzem as Sessões Caritativas de acordo com a necessidade das pessoas.
O encerramento é algo que sempre provoca um certo susto nas pessoas que vão pela primeira vez, após as entidades subirem, ou pelo menos, desmediunizarem seus aparelhos, todos integrantes da corrente, viram-se em direção aos consulentes, e em humildade, todos dão as mãos, médiuns, cambonos, visitantes e consulentes, para realizar as orações finais, pois todos somos irmãos e todos estamos tentando seguir o mesmo caminho. Há também a despedida, após a oração, todos os médiuns cumprimentam os consulentes um por um, beijando-lhes as mãos. Em sinal de respeito e carinho.
Depois, quase sempre, sentamos para uma boa conversa. Um pouco de doutrina, de histórias e bastante risadas, pois a Umbanda é leve e alegre.
Estou abrindo detalhes, pois não há o que se esconder, já que a caridade é simples, basta não dar nada, apenas se doar um pouco.

Que nosso Amado Pai Oxalá nos abençoe.

Rafael d'Ogum

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Carta do Cacique Seattle


Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. O desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:

    "O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
    Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
    Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
    Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."