Filho,
a arvore que muito olhamos, não cresce.
Essa
frase proferida por Pai Francisco de Aruanda, soou-me aos ouvidos de forma estranha.
Justamente quando eu olhava um pé de arruda que havia plantado. Pensei que Pai
chico esta me repreendendo por zelar demais esta mudinha, que não chega a ter
um palmo de altura.
Comecei
a filosofar internamente sobre o quanto é importante deixar a natureza tomar
conta do que é natural, ou da importância de dar tempo ao tempo para que as
coisas acontecessem, ou então que não se pode controlar tudo na vida, sei lá. O
pensamento despertou e várias possibilidades surgiram e todas vaziam sentido.
Mas eu sentia que algo estava faltando, esse ensinamento era mais profundo que
isso. Ainda mais quando vem de um Preto Velho, como o Pai Francisco.
Passei
o dia pensativo, tentando entender o real significado e nada.
Cheguei
em casa, pos-me em meditação e quando olhei para o lado, lá estava Pai
Francisco, pitando seu cachimbo e com seu sorriso calmo e brilhante. O velho
mago me olhou e, tranquilamente, me explicou:
-
Filho, todas as suas teorias estão certas, todas elas fazem todo o sentido, até
porque no universo não há erros. Deus Pai é a primeira causa de tudo e o Homi
não erra. ´´A arvore que muito olhamos, não cresce``, se encaixa em todas as
situações da vida. Por exemplo, quando temos filhos e sempre cuidamos e zelamos
seus, não os deixamos aprender a viver com a própria vida. Então, menino, pense
que a melhor forma de vivenciar a vida é permitir que a vida trilhe seu
caminho.
Pitou,
novamente seu cachimbo, despediu-se e seguiu o seu caminho, como faz sempre que
deixa uma mensagem, para que ela possa ser amadurecida e compreendida.
Saravá
fraterno.
Rafael
Hernandes
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