segunda-feira, 11 de abril de 2011

Caridade não é negócio!

À alguns anos atras, eu passava por alguns problemas de ordem pessoal, e estava completamente sem rumo.  Eu estava em Quarai, onde procurei alguns "pais-de-santos" que me falaram que para as coisas mudarem para mim deveria fazer alguns despachos, me deu uma lista de materiais, que tinha alem de outras coisas, duas galinhas, e mais um valor que seria a "mão do pai-de-santo", em torno de R$400,00. Digamos que esse "pai-de-santos" havia jogado para mim e havia visto o um dos meus problemas era financeiro (como de todo mundo que eu conheço), disse esse senhor, que por respeito não colocarei o nome aqui no blog, que apenas essas oferendas poderiam "resolver" meus problemas. Entrei num certo desespero, pois não conhecia absolutamente nada sobre a religião de Umbanda e/ou religiões-afro, precisava de um pai-de santo mais barato ou que "pedalasse" esse serviço.
Morava em Bagé, no interior do estado, uma tia paterna que era cacique de Umbanda, fiz contato com ela por telefone suas palavras trouxeram-me um pouco de paz, mas ainda habitava em meus pensamentos tudo aquilo que me tinham dito. Tomei uma decisão e fui à Bagé encontrar com a minha tia, provavelmente ela faria para mim esse despacho e suas condições de pagamentos, ficaria mais facil para mim.
Mas para surpresa minha, quando cheguei lá, ela ja estava sabendo o que estava se passando, era uma tia que eu tinha pouco contato, e não teria como saber os detalhes como ela sabia. Na primeira noite, ficamos até umas 3 da madrugada conversando e ela me falando coisas que haviam aconteceido comigo e que jamais havia contato para alguem. Também, ela olhava para meu lado e descrevia pessoas, parentes a amigos próximos que ja haviam desencarnados e que provavelmente ela não teve contato nesse plano, dando-me noticias e dizendo que eles estavam mandando me avisaram que estavam comigo, para me ajudar a passar por esse momento complicado. As horas foram passando e eu me assustando com a minha tia, fomos deitar, pois no dia seguinte, iríamos para a empresa de meu primo.
Na manha seguinte, eu fiquei em casa com minha avó, e a tarde, fui para o escritório com minha tia, la chegando, comecei a perguntar sobre a mediunidade e ela me explicando mais ou menos como era ser médium, que ser médium não tem hora e nem local, por que você pode estar em casa e receber uma mensagem, ou uma "visita", sinceramente, eu estava achando tudo muito estranho, parecia um filme de ficção. Derrepente, ela olhou para a porta e baixou os olhos em um movimento de respeito, me perguntou se eu não via nada, olhei para a porta e descrevi a paisagem que via. A tia então descreveu um homem, vestido como um Lord, dizendo que queria conversar comigo, mas como se eu não o via e não o ouvia, então ela ligou para esse meu primo afirmando que iria "trabalhar" à noite, pois tinha um Exu querendo falar comigo. Fiquei assustado, mas a tia falou essas palavras:
 - Rafa, a entidade que quer falar contigo, é um Exu de muita luz, Falou para tu te acalmar que à noite ele vai te explicar muita coisa, ele é um homem muito bonito e elegante.
Esperei a noite chegar, fazendo minha tia abrir o salão, junto com meu primo, para uma seção particular, sem entender muita coisa, derrepente, estavam os dois encorporados com dois exus, não direi o nome das entidades, mas posso dizer que são da mais alta linhagem, que começaram a falar sobre minha vida, de maneira bem clara e direta, dando detalhes e indo mais além, dizendo que as coisas iriam mudar sem precisar matar as coitadas das galinhas, comprar nada daquela lista ou pagar a "mão da mãe-de-santo", pois eram entidades de Umbanda e a Umbanda é a religião onde os espiritos trabalham pela caridade, e onde há qualquer tipo de troca, seja financeira ou de favores, não há caridade. Me disseram algumas coisas que iriam acontecer no decorrer dos anos e que eu iria ter as confirmações quando essas "coisas" viessem a acontecer. Dito e feito, o meu problema me foi explicado, as coisas foram acontecendo, minha admiração por aquela tia foi aumentado, e as galinhas não foram mortas. 
Mais ou menos um ano depois disso, decidi que assim como a minha tia havia me ajudado, eu gostaria de um dia poder ajudar alguem, e comecei a estudar e tentar entender sobre essa fantástica religião realmente brasileira que é a nossa amada Umbanda.
Assim começou minha história de amor com essa religião impar, minha tia hoje esta desencarnada, mas sei que ela empunhou a bandeira de Oxala. E eu pretendo um dia poder fazer por alguem metade do bem que ela me fez. Obrigado tia.
Não entrei na Umbanda pelas mãos dela, mas isso fica para um próximo post.

Saravá "tia Cleiva".
Saravá aos irmãos de fé.
Saravá aos que fazem da Umbanda uma ferramenta para a prática da caridade.

Rafael d´Ogum

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